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Como avalia
a campanha 2014
Foi uma das campanhas mais
acirradas e disputadas dos últimos pleitos da história do Pará. E é a primeira
em que um político consegue um terceiro mandato no Pará. Também foi a primeira
vez que Simão Jatene participa de uma campanha como candidato a reeleição. A
primeira, quando ganhou, foi indicado e apoiado por Almir Gabriel (governador a
época), depois de quatro anos quando defenderia seu mandato numa reeleição, não
foi candidato, deu lugar a Almir Gabriel que foi derrotado por Ana Júlia; em
2010, Ana Júlia não consegue se reeleger e é derrotada por Jatene. Agora, sim, 2014
Jatene é candidato à reeleição. Ressalte-se que foi uma campanha atípica dentro
de um Pará dividido (a primeira após o plebiscito que pretendeu dividir o Pará
em três unidades federativas); além disso foi o confronto de dois grupos (econômico
e de comunicação) que se debateram nesse processo. Os interesses eram
grandiosos. Daí o acirramento intenso e o nível muito rasteiro da campanha.
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O PSDB até
poucos meses das convenções estava,
praticamente, sem candidato. Muito em função da indefinição do governador Simão
Jatene em não sair. Isso pode ter beneficiado o avanço do candidato Helder
Barbalho?
Com certeza, só para exemplificar, em outubro
de 2013 a Doxa fez uma pesquisa estadual em que Jatene estava 10 pontos a
frente de Helder. De outubro até a decisão final de que Jatene, de fato, seria
candidato à reeleição, aconteceu um vácuo de indecisão política no PSDB.
“Jatene iria renunciar ao mandato pra disputar fora do cargo por que não
concordava com o instituto da reeleição”; “Jatene não seria mais candidato”.
Essa indefinição causou problemas internos ao PSDB e aliados, bem como entre apoiadores históricos ao PSDB. Nesse quadro nervoso,
Helder Barbalho e seus aliados ocupam esse vácuo deixado pela indefinição
tucana. E seu potencial de intenção de voto cresce. Helder e seus aliados
começam a jogar sozinhos, sem concorrentes a altura. Quando as arestas internas
do PSDB foram aparadas e Jatene define-se como candidato - o único que poderia
enfrentar o avanço de Helder -, os aliados históricos, apoiadores de campanha Jatene
animam-se, levantam-se e se preparam para luta eleitoral. O IBOPE apresenta sua
primeira pesquisa estadual, indicando empate técnico entre os dois principais
concorrentes (ligeira vantagem para Helder). Olhando o que a Doxa detectou em outubro/2013
significa dizer que Jatene estava recuperando o espaço perdido devido à sua
indefinição, àquela altura, em ser ou não ser candidato. Já nas primeiras
pesquisas do inicio da campanha na Região Metropolitana de Belém feitas pela
Doxa já podíamos identificar essa recuperação de espaço. E já era possível
perceber que o pleito seria, como foi, acirrado.
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Depois de 20 anos fora do poder, pela
primeira vez o PMDB lança um candidato competitivo, antes eram apenas
coadjuvantes. Como você analisa essa trajetória do partido ou melhor a volta da
oligarquia Barbalho do poder estadual?
Ao longo de 16 aos, o PMDB
transformou-se num partido estritamente parlamentar, isto é, fazer o maior
número de deputados estaduais e federais para, depois, com quem tivesse no governo,
ter o poder de barganha e negociar o poder: fazer parte do poder através de
negociações de cargos no executivo. Aqui no Pará, após a derrota de Jader para
Almir Gabriel em 1998 (primeira reeleição no Pará), o PMDB não lançou mais nenhum
candidato competitivo, apenas
coadjuvantes, para cumprir tabela e ter espaço para os candidatos ao
legislativo. Em 2002 disputam Jatene, Maria do Carmo e o PMDB lança Rubens
Nazareth; em 2006 disputam Almir e Ana, e o PMDB lança José Priante; em 2010,
reeleição de Ana Júlia, PMDB lança Domingos Juvenil. Na ALEPA, o PMDB era
decisivo para a aprovação de projetos do executivo. Tinha que haver negociação,
e essa negociação passava necessariamente pelo PMDB. É a questão da
governabilidade. Nos governos de Ana Júlia e Jatene o PMDB obteve seus 30% de
participação. Depois foram rompidos os
acordos e o PMDB volta a oposição ferrenha.
Dois anos antes da eleição para o
executivo estadual, o PMDB lança um experimento: Helder Barbalho que, após sua
saída da Prefeitura de Ananindeua, ficou fazendo exclusivamente política no
Estado. No segundo semestre de 2013 avaliou-se que esse experimento poderia dar
certo. A candidatura Helder tornou-se fato, ganhou envergadura competitiva.
Agora não era mais nenhum coadjuvante do PMDB disputando uma eleição, era o
filho de Jader Barbalho que não fez sombra para nenhuma das possíveis
lideranças que se apresentaram durante esses anos todos. Portanto, se
apresentava aos paraenses uma eleição disputadíssima, tanto que não tivemos
nenhuma terceira candidatura competitiva que pudesse ser a alternativa àqueles
eleitores que não queriam Helder Barbalho e nem Simão Jatene.
Apesar de ser um jovem de 35
anos, já com um bom currículo político, Helder carrega a marca Barbalho (para
uns amado, para outros odiado). Em uma ampla pesquisa realizada em
outubro/2013, uma das variáveis era a seguinte: “o fato de Helder ser filho de
Jader Barbalho, isso aumenta, diminuiu ou não interfere na sua vontade de votar
em Helder?” – 30% afirmaram que diminuía a vontade de votar. Essa era a
rejeição de Helder enraizada no seio do eleitorado pelo fato de ser filho de
Jader.
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Aliança
PMDB/PT, como você avalia essa composição?
Uma aliança um tanto quanto
esdrúxula, isto é, incomum para o PT que já foi governo no Pará e que tinha uma
presidente da República disputando uma reeleição. O PT como um partido de
movimentos sociais e sindicais, com grandes lideranças políticas, aqui no Pará
se acachapou muito às ordens palacianas. Poderia seguir o curso normal das regras
do nosso sistema eleitoral, lançando candidato no primeiro turno, pensando na
negociação do segundo. Se o PT, mesmo com o desgaste de Ana Júlia, tivesse
lançado candidato próprio teria, em tese, seus 20% de voto no estado. E,
possivelmente, poderia ser muito mais favorável a Helder do que os dois saírem
abraçados desde o primeiro turno. Além de se coligar com os Barbalhos,
adversários históricos, o PT teve que engolir o DEM (Democratas) na aliança,
descaracterizando por completo os ideais petistas. No entanto, o PT ganhou o
senador, Paulo Rocha, que fazia parte do acordo eleger um senador, Helder e
Dilma. Cumprido uma parte do acordo, no segundo turno houve uma retração
petista, principalmente no oeste do Pará, onde houve campanha pelo voto nulo
para governador. Essa aliança causou estragos no parlamento ao PT que diminuiu
consideravelmente sua bancada em nível estadual e federal, bem como o
quantitativo de votos em relação aos outros pleitos. Dos 8 deputados que o PT
tinha na ALEPA, elegeu apenas 3; por outro lado, o PMDB que tinha 8 deputados,
manteve o mesmo quantitativo. Na Câmara Federal, o PT que tinha 4 deputados
caiu pra dois; o PMDB, tinha 4, perdeu o Wladimir para o SD e elegeu agora
três.
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A questão do
Plebiscito que veio em pauta na campanha modificou algum cenário já
estabelecido?
Foi a primeira eleição
pós-plebiscito para governador em que podemos ver as consequências do dia 11 de
dezembro de 2011: Aconteceu uma eleição dentro de um Pará, na prática, dividido
em três unidades federativas. Podemos afirmar que a eleição para governador foi
plebiscitária. Evidente que esse tema viria a tona nessa campanha, não restava
dúvida. Era a carta na manga de um e de outro lado. O eleitor paraense,
especialmente do Oeste e Sul/sudeste, já sabiam do posicionamento de Jatene em
relação ao plebiscito. Na campanha do plebiscito, o governador foi à TV
defender a NÃO divisão. Então estava clara sua rejeição nas duas regiões
emancipacionistas. E forte aceitação na região do Pará remanescente. Do lado do
Helder não se tinha essa definição clara, parecia nublada. Para amenizar esse
impacto negativo, os dois competidores principais buscaram seus vices nessas
regiões: Helder buscou Lira Maia, líder separatista do Tapajós; e Jatene
Zequinha Marinho, do Carajás. Para instigar a lembrança do plebiscito,
panfletos contra Jatene foram divulgados nas duas regiões emancipacionistas;
assim como filmes de TV foram divulgados às vésperas das eleições, mostrando
Helder a favor da divisão. A Doxa fez uma pesquisa na Região Metropolitana em
que buscava avaliar essa situação: 85% dos eleitores da RMB eram contra a
divisão; e 42% consideravam o candidato Helder a favor da divisão; Jatene
apenas 10% o consideravam a favor da divisão. Portanto, aqui tinha um
ingrediente favorável ao marketing da campanha de Jatene: pré-disposição dos
eleitores em acreditar que Helder era a favor da divisão.
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No primeiro
turno Helder saiu na frente com diferença de 50 mil votos. Não seria uma
tendência de repetir os votos no segundo turno?
Segundo turno é outra eleição.
Alguns analistas afirmam que houve uma reversão de expectativa e que o
instituto de Pesquisa que tendia a vitória de Helder não errou, porque houve
essa reversão de expectativa. Se isso fosse verdade, os demais institutos de
pesquisa que estavam realizando pesquisas de campo e publicando seguiriam essa
mesma lógica, mas não, afirmavam a tendência de vitória de Jatene. O instituto
que dava vitória pro Helder não soube fazer a fotografia correta da realidade
naquele momento. Errou. O mais simples observador da arena política podia
perceber que era uma eleição disputadíssima e que o ganhador tanto do primeiro
quanto do segundo turno ganharia com diferenças pequenas. Veja o seguinte: no
primeiro turno, a diferença pró Helder foi de apenas de 1,4 pontos, o que
significou em torno de 50 mil votos. Ora, a tendência normal era que esse
acirramento continuasse no segundo turno. Mesmo porque não tivemos nenhuma
terceira candidatura competitiva, ou mesmo, que tivesse em torno de 10 pontos
percentuais, por exemplo, no primeiro turno. O que poderia demandar uma
conquista dos votos dessa candidatura, mas não houve. Tivemos dois candidatos
em polarização no primeiro turno, e esses dois candidatos passaram para o
segundo turno. Portanto, a tendência era de continuar esse embate ferrenho,
isto é, quem votou em Jatene continuar votando em Jatene; quem votou em Helder
continuar votando em Helder. Para um ou outro crescer a luta tinha que ser
campal: um tirando voto do outro, olho no olho.
· Mas você não acha que o Governo usou a máquina para funcionar e
por isso virou e ganhou a eleição?
Em todas as eleições em que o
incumbente (governador, prefeito ou presidente) defendem seu mandato numa
reeleição, e que saem vitoriosos, o que perde no segundo turno, traz à arena de
discussão o fato do uso da máquina pública, e que “forças ocultas” operaram
durante a semana que antecedeu ao pleito. A máquina governamental não pára de
funcionar, mesmo com a eleição. O governo tem que governar. Os atores políticos
governamentais são o Governador, seus secretários, diretores, funcionários de
baixo e alto escalão, todos entram no jogo, defendendo o interesse de quem está
no poder, evidentemente. O voto desses milhares de funcionários que fazem a
máquina funcionar é extremamente racional, isto é, estão defendendo,
principalmente, os seus interesses. Então, vão fazer essa máquina funcionar a
seu favor e de seus familiares, óbvio. É uma rede com capilaridade estrondosa
que está espalhada em todo o estado em suas mais variadas formas. Em cada
município tem a presença do estado. O governador só perde uma reeleição se ele
estiver muito mal avaliado, mesmo assim, este mal avaliado ainda passa pro
segundo turno. Exemplo claro tivemos na eleição de 2010. Um ano antes da
eleição fizemos uma pesquisa, detectamos que a avaliação negativa do governo de
Ana Júlia ultrapassava aos 70%. Ali já detectávamos a dificuldade da reeleição
de Ana. No entanto, a governadora disputou a eleição, passou para o segundo
turno. E do primeiro para o segundo turno ela cresceu, ainda, 7 pontos
percentuais. Mas não conseguiu votos suficientes para derrotar Jatene. Funciona
de uma outra forma também: um gerente da Caixa em Belém, ao finalizar o
atendimento de uma jovem que havia se inscrito no FIES, ao final falou: “torça
para que a Dilma ganhe, ao contrário vocês vão perder esse financiamento”. A
moça ficou apavorada, chegou em sua casa foi pedindo pra mãe, avó, irmãos,
parentes e aderentes pra votarem em Dilma.
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Mas você não
acha que os aliados da candidatura Helder não ajudaram a manter ou mesmo
aumentar as intenções de voto em Belém e região metropolitana, especialmente
Jeferson Lima?
Veja uma coisa, nessa eleição
rigidamente polarizada, os apoios não tiveram peso necessário que pudesse mudar
o rumo do pleito. Os candidatos perdedores tiveram pouco menos de dois por
cento dos votos, pouco significativo. Eram votos tão insignificantes que num
segundo turno se diluiriam entre os demais. Os apoios são mais pra dar a
impressão de que este candidato está recebendo apoio mais do que o outro, e ai
é feita a espetacularização na TV, rádio, etc., mas isso não significa voto.
Por que veja o seguinte: ninguém detém o poder de controle do voto do outro. O
voto de cabresto não existe mais. Quando uma pessoa vota no primeiro turno, e
seu candidato perde, essa pessoa já fez sua obrigação em votar naquele
candidato, agora está livre e desimpedida pra votar em quem quiser. O mais
significante apoio, em tese, foi de Jeferson Lima, candidato ao senado, que
obteve mais de 700 mil votos. E sua maior votação foi na região metropolitana,
especialmente Belém, onde Helder perdeu com uma diferença de 17% dos votos.
Essa era a aposta, isto é, Jeferson tentar transferir parte dessa votação a
Helder pra diminuir ou suplantar a diferença do primeiro turno. Acontece que o
radialista já entrou queimado ao declarar apoio a Helder. Pela manhã estava na
TV declarando apoio a Jatene, e a noite declarando apoio a Helder. O
anti-político e pop star tupiniquim, com essa atitude, caiu na vala comum dos
políticos, igualou-se à imagem ruim que tem os políticos de maneira geral. O
diferente tornou-se comum. Passou a imagem de “vendido”, “traidor”, “sem
confiança”. Ao invés de Jeferson somar
votos a Helder, tirou-lhe votos. É só verificar a estatística da eleição em Belém.
Enquanto a diferença no primeiro turno foi de 17%, no segundo turno essa
diferença subiu para 26%.
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A Doxa foi
muito perseguida tanto no primeiro quanto no segundo turno, porque aconteceu
isso? Como você explica e a quem atribuiu essa perseguição?
É importante observarmos essa
situação para entendermos a participação e o poder de alguns atores nesse campo
jurídico: juízes auxiliares, advogados, promotores, isto é, o próprio TRE. Tudo começou depois que a Doxa foi contatada
através de um interlocutor para fazer
uma pesquisa e publicar no Diário do Pará. O resultado vindo de campo não foi
favorável a Helder Barbalho. Em função disso, o interlocutor queria que a Doxa
mudasse o resultado. Na pesquisa Jatene ficou com 41% e Helder com 38%. Queriam
apenas que a Doxa invertesse os resultados. Como não aceitamos, em hipótese
alguma, tivemos um prejuízo de R$ 25.000,00. E como tínhamos uma pesquisa
atualizada, resolvemos publicar no blog da Doxa e de alguns blogs amigos como
do Hiroshi Bogea e do Jeso Carneiro. Depois outros veículos pegaram e foram
publicando, óbvio. A partir de então, a Doxa tornou-se persona non grata à coligação “Todos Pelo Pará”. Não conseguimos
mais publicar nossas pesquisas. Parecia que havia um complô, algo combinado:
quando registrávamos uma pesquisa, os advogados da coligação entravam com o
pedido e só caia na mão de um juiz auxiliar, muita coincidência. Chegamos a ser
manchete de capa do Diário do Pará como se fossemos criminosos. O MPE, através
do dr. Alan Mansur, depois de “investigado o crime eleitoral” mandou arquivar o
processo. Mas até hoje o juiz não deu a sentença.
No segundo turno conseguimos
publicar uma pesquisa. Havia sido feito um acordo entre os advogados das duas
coligações de que “ninguém impugna ninguém, deixa o mercado regulamentar”. Era
a decisão mais sábia até então. Só que esse acordo não foi cumprido na última
pesquisa Doxa. As 19:20hs do dia 24, sexta, o juiz induzido pelas
justificativas dos advogados da coligação Todos Pelo Pará acata e manda suspender
a publicação da pesquisa.
Sabíamos que o Diário do Pará
viria já na edição de sábado com pesquisa com números alarmantes, querendo
ficar sozinho no pleito, passando apenas sua verdade, passando ao eleitor como
fato consumado a eleição de Helder; e que essa mesma pesquisa viria repaginada
no domingo, dia da eleição. Diante dessa situação, o jornal O Liberal publica a
pesquisa da Doxa do domingo anterior, como forma de contrapor ao Diário, e
dizer para o eleitor que ele merecia outra informação para tomar sua decisão no
dia seguinte. A pesquisa Doxa finalizada na sexta deu 51,3% Jatene e 48,7%
Helder (votos válidos). Essa era a verdade que o Diário do Pará não queria
saber.
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Como você
explica essa tamanha disparidade entre os dados dos institutos de pesquisa
nessa campanha?
Se for observar bem, a
disparidade era de um instituto com os demais. O Jornal Diário do Pará que
publicava a pesquisa que dava sempre o Helder na frente dizia que a metodologia
da pesquisa era domiciliar. No entanto, analisando a metodologia e o
questionário detectamos que os pesquisadores pegavam apenas o telefone do
entrevistado. Ora, se é domiciliar, obrigatoriamente tinha que constar no
questionário endereço do entrevistado para que se pudesse checar com maior
precisão. Sendo assim, deduzo que o método aplicado foi em fluxo (feiras,
praças, pontos de maior movimentação nas cidades, etc). E quando a pesquisa é
feita por esse método (fluxo) a amostra tem que ser, obrigatoriamente, grande.
Caso contrário corre um risco de pegar bolsões de um candidato apenas. O
Datafolha aplica essa metodologia de pesquisar em fluxo. Quando em nível de
Brasil o Ibope pesquisa 3.000 pessoas (método domiciliar), o Datafolha
entrevista 9.000. Outro fator que pode ser observado é que vivemos uma eleição
atípica (pós plebiscito), onde tínhamos regiões, praticamente, fechadas com um
ou outro candidato. Então, tínhamos que saber selecionar bem os municípios da
amostra. E isso implicava em aumentar a amostra e o números de municípios para
que pudéssemos obter a fotografia correta do pleito.
No segundo turno essa situação
ficou bem clara para desenhar esse plano amostral, já que tínhamos a votação de
cada candidato por município. Então, conseguimos fazer uma análise dos planos
amostrais dos 4 principais institutos de pesquisa que estavam publicando no
Pará: Ibope, Iveiga, Doxa, BMP. O Ibope trabalhou com 43 municípios, BMP com
45, Doxa com 51 e Iveiga com 24. Comparamos os votos obtidos por Jatene e
Helder em cada plano amostral de cada instituto e ao final, evidentemente,
mostrava o resultado. Ibope, Doxa e BMP deram resultados iguais, 51% Jatene e
49% Helder. O único que deu diferente foi do Iveiga, dando vantagem a Helder
Barbalho. Por essa análise já poderíamos detectar que a disputa seria voto a
voto. Mas a vantagem que o estudo
mostrou do Iveiga nunca foi de 12,5 pontos em favor de Helder.
A estratégia do Diário do Pará e
todo o grupo de comunicação era passar a ideia de Helder como fato consumado,
utilizando-se de pesquisa para induzir, manipular o eleitor.
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Em termos de
expectativa para o novo governo Jatene.
O grande desafio de Jatene nesse
seu terceiro mandato vai ser: ter programas para governar, na prática, para
três estados: Governar um Pará dividido. Passada
a eleição, é hora de o governo governar e também é chegada a vez de a oposição
fazer oposição. O sucesso do sistema político depende de governo e oposição.
Neste momento, torcer pelo Pará é desejar que os dois lados, o vencedor e o
derrotado de 2014, cumpram seus respectivos papéis, realizem o que deles se
espera.
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